No vocabulário nacional, existem palavras e expressões complicadíssimas, ao ponto de deixar o comum dos mortais, os estrangeiros, com sérios problemas psicológicos. E quando digo os estrangeiros são meros mortais, não é a minha intenção desprestigiá-los, pelo contrário. Em Portugal, quem sobrevive mental e economicamente é um herói, direi mesmo um super-herói.
Como dizia há pouco, nacionalmente há expressões bem lixadas, com tantos sentidos que ficamos totalmente desorientados. O vocábulo "caso" é um desses casos, assumindo os mais diversos significados consoante o contexto em que é aplicado. É um caso sério de complicação linguística que apenas portugueses conseguem descodificar. Como é que querem que um estrangeiro perceba a portuguesada!?
Antes de referir o caso do dia, vou exemplificar algumas dessas expressões, só para que não fiquem com cara de caso. Por exemplo a expressão “sem nada”, na nossa portugalidade, ficar “sem nada” é perder tudo. Mas será que os estrangeiros assim o entendem. Desconfio que para eles, ficar “sem nada” é o mesmo que ficar “com tudo”, visto que estes dois vocábulos associados são contraditórios. Realmente ficar sem o nada, é o mesmo que ficar com tudo. Nada estúpidos, estes estrangeiros! Existe também a questão frutífera, se a maçã vem da macieira, a pêra da pereira e a cereja da cerejeira, porque raio a azeitona vem da oliveira e não da azeitoneira?
Mas voltando ao caso de hoje, e ao uso da palavra caso em diversas expressões da língua portuguesa, pode provocar, e é caso para dizer, um caso sério de desentendimento. Por exemplo, ter um caso implica inevitavelmente a presença de alguém que partilha esse caso. Ou seja, para se ter um caso, nunca pode tê-lo sozinho. Quando se consegue ter um caso sozinho estamos indubitavelmente perante um caso clínico. Ter um caso é, supostamente, algo que não é sério. Logo quando falamos em caso sério, estamos a falar de relações casuais entre pessoas. Porque se fosse sério não seria um caso, mas sim, uma relação. Neste sentido posso afirmar que qualquer caso sério é uma relação. Para manter uma relação durante algum tempo é fundamental fazer muito caso. Não fazer caso é o que tem de evitar a todo o custo.
Estar a trabalhar num caso, pode implicar um desenvolvimento profissional ligado à área jurídica, ou de investigação policial, mas não implica forçosamente uma tentativa de espalhamento de magia.

Cabeça Suja… com um caso sério que o deixou com cara de caso. Era caso para tanto? Talvez! Mas se calhar é melhor não fazer caso!
M@rkito ®
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