22 setembro, 2010

As salas de espera

As salas de espera são realmente aquilo que indicam, são salas em a espera vai ser longa, e por isso é melhor esperar sentado. É curioso porque ao contrário de outras salas, o nome não podia ter sido tão bem escolhido.

Por exemplo os quartos de banhos, mais comummente chamados de casa de banho, não são forçosamente para tomar banho. Muitos deles estão munidos de estranhos dispositivos, os bidés, de quais desconheço a real função. Se lavar os pés, ou outras partes baixas, é tomar banho, então não será menos verdade essa toma verificar-se através da lavagem das sobrancelhas. Afinal as sobrancelhas não são menos que os pés. Ou são? Fiz referência ao bidé, mas há outros utensílios na casa de banho que não deveriam lá estar. O uso dos mesmos podem provocar a libertação de maus odores, não era suposto sair da casa de banho a cheirar bem!? Não sei! Digo eu! E as salas de estar? Podemos estar ou não estar e quando não estamos continuam a designar-se como sala de estar.

Voltando ao que interessa, as salas de espera, e como vivemos num país em que a normalidade é algo abstracto, não faz sequer sentido existirem pelo simples de facto do seu nome ser significativo do que realmente é. Desde quando que em Portugal, as coisas têm lógicas? Não é costume? Pois não? Um exemplo, a paciência não é certamente uma das grandes virtudes dos portuguesas, ou seja, tudo que implica esperar é aborrecido. O que é realmente estranho visto que em Portugal impera a lei do “Faz amanha, aquilo que podes fazer amanha”

Para ser franco, as salas de espera até me dão um certo jeito, são uma fonte riquíssima de inspiração. Enquanto espero pela uma consulta médica, tento desvendar o mistério que levou os outros pacientes ao consultório. Dependendo da especialidade médica, a desmistificação torna-se mais interessante. Se estou no dermatologista, tento perceber se o motivo que levou aquele tipo a consulta é trabalho na função publica e se está ali para resolver a comichão provocada pela coçadura de micose. Se estou no oftalmologista, desconfio que a perca de visão foi provocada pelo uso frequente do computador, através da visita de sites poucos recomendáveis vistos em horas impróprias da noite.
Mas é nas salas de espera da Função Pública que a coisa atinge o seu nirvana: não se passa nada, mas mesmo nada. De tal forma que, por momento desconfiamos ter entrado por engano, num museu de cera, de tão imóveis que estão as pessoas.

A verdade é que encerrar as salas de espera é algo impossível de fazer, pode não parecer mas têm uma função crucial nas vidas das pessoas, é nessas salas que são debatidos assuntos do quotidiano. Sem as salas de espera, como podem tertuliar se por estar a espera na sala não puderam ver “Você na TV” ou “As Tardes da Júlia”. Para mais, sem as salas de espera onde seriam postas as revistas que foram publicadas há mais de dois anos? As salas de espera estão aí para ficar. Quem pensar o contrário pode esperar sentado.

Cabeça Suja… na sala à espera

M@rkito ®

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