04 fevereiro, 2008

Os Peixinhos de aquário

Para não me cingir apenas a animais terrestre, decidi falar desta vez de um imponente e grandioso animal aquático: o peixinho de aquário. Ok! Não é grandioso, mas por vezes chega a ser imponente, basta, para isso olha-lo através daquele pequeno e ridículo aquário redondo. Pois aquele penico funciona assim como uma lupa. Mas voltando ao peixinho, que só pelo nome nos demonstra a sua insignificância. Esse termo, que dum certo modo podia ser carinhoso, acaba por torna-lo na chacota do mundo aquático. Peixinho!? Não havia nome mais gay!? Peixininho! Não!? Porque não, Peixão!? E não me venham com a desculpa do tamanho do aquário. Não é o peixe que é pequeno. É o aquário que é enorme. Bem, devo confessar que há muitos anos atrás tive um peixinho dentro de um aquário. Chamei-lhe Pitosga, por ele ter um olhar esquisito. Ao princípio achei graça porque tinha sido uma prenda de uma namorada mas cansei-me depressa. E do peixe também.


Ser peixe de aquário deve ser a forma de vida mais secante, salvo seja, que existe. Os peixes, para quem não sabe, têm uma memória de apenas 2 segundos. Tudo bem que sofrem de Alzheimer desde o dia em que nasceram, o que atenua um bocado a frustração, mas será justo que convivam perpetuamente com a sensação de déjà vu? Deve ser um real suplício, para alguém que, está sempre a descobrir que vive num espaço de meia dúzia de centímetros cúbicos. Creio que até quando há dois peixes recém-casados a partilhar um aquário, é como coabitar com um perfeito desconhecido. “Olá, o meu nome é Pistoga. E tu? Olá, eu chamo-me Pocahontas. E tu? Olá, o meu nome é Pistoga? E tu? Olá, sou a Pocahontas. E tu…?”. Imaginem a frustração que deve ter o peixe quando chega do trabalho, e pergunta a mulher o que vai ser o jantar: “Querida, cheguei! O que vai ser o jantar? Vai ser comida de peixe! querida, cheguei! O que vai ser o jantar? Vai ser comida de peixe! Querida, cheguei! O que vai ser o jantar? Vai ser comida de peixe! Mas quem é você? O que está a fazer no meu… Mas quem é você?”

Além do mais, pode parecer que não mas um peixe de aquário faz muito pouca companhia. Não o podemos levar a passear para o jardim, não podemos atirar objectos para ele apanhar. Acreditem, eu tentei e simplesmente não resulta. È que nem dão para nos meter com as raparigas, ninguém diz: “Tão fofinho que ele é! Como se chama? M@rkito! E o estranho do dono?” Estranho!? Porquê!? Acho normal um dono levar a passear o seu animal de estimação! E depois, também não são seres lá muito obedientes. Dizia-lhe: “Pitosga, rebola! Senta! Faz um mortal! Pitosga, faz bolhinhas!”. E ele, nada. Mas o pior, é que ele nadava mesmo!


Felizmente para ele, era um peixe com tendências suicidas. Volta e meia saltava do aquário e lá tinha eu de o apanhar do chão para o pôr de novo de molho. E no dia em que finalmente consegui que ele me obedecesse, morreu. Eu disse assim: “Pitosga faz um salto mortal!” E não é que fez mesmo! Caiu directamente no balde de água que tinha detergente. Foi preciso ter azar. Nunca faço a porra da limpeza e logo naquele dia, pumba. Desde daí nunca mais a fiz, fiquei traumatizado (Boa desculpa!). O pior de tudo é que não foi a queda no balde que o matou. Eu tirei-o de lá a tempo e até o lavei com Fary. A verdade é que me esqueci de voltar a pô-lo no aquário. É caso para dizer que sem poder cortar os pulsos, optou pela morte a seco.


Ainda hoje mantenho o aquário no mesmo sítio e acho que foi melhor assim. Dá-me muito menos trabalho. Agora só raramente é que lhe mudo a água…


Cabeças Sujas…no mundo animal


M@rkito Copyright


Este post é dedicado a Pitosga (14-02-2007/15-02-2007)! Rest in peace!

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