27 janeiro, 2009

Os Contos Infantis (O Capuchinho Vermelho)

Um estudo, já realizado há algum tempo, demonstrou que os contos infantis, ou contos de fadas, podem ser prejudiciais para a sanidade mental das crianças. Há razões mais que suficientes para afirmar que estão repletos de péssimos exemplos. Podemos começar pela própria designação da classificação literária a que são sujeito, ou seja o nome: contos de fadas. Contos de fadas!? Cooontos de fadas!? Só isso demonstra uma incitação à mentira, visto que é mais comum incluírem animais falantes, ou algum tipo de magia ou encantamento do que aquela minorcas com asas e varinhas. Os mais atentos poderão o confirmar. Também é importante salientar a importância destas histórias nas vidas familiares deste Mundo fora. A intenção é boa, adormecer rapidamente os filhos para se ter sexo mais descansado. Mas uma exposição demasiado prolongada pode deixar sequelas irreversíveis. Ainda mais gravosas que se ficasses uma semana inteira a assistir às “Tardes da Júlia” e/ou ao “Você na TV”.

Não sei se recordam, mas da última vez falei do conto da Cinderela. Ao contrário de outro este tinha uma importante vertente educativa a não menosprezar. Desta vez vou falar dum também conhecidíssimo conto: O Capuchinho Vermelho. Este conto, tal como a Cinderela, encontra-se na obra de Charles de Perrault, Contes de ma Mère l’Oye (Contos da minha Mãe Gansa). Mas este, ao contrário do conto da Cinderela, pode deixar a pequenada com tremendas dúvidas relativamente ao mundo que nos rodeia. O pior é o facto, na minha opinião, destas histórias estarem muito mal contadas.

Para sustentar esse estudo, vou referir alguns pormenores de extrema importância. Factos que ao longo dos anos têm passado despercebidos, mas com uma certa relevância. E vão ver que todos estes dados os farão desconfiar da origem da história. Muitos provavelmente vão, como eu, pensar que afinal isto tudo, é um relato bem português. Se bem que se estranha a ausência da TVI para divulgar o caso.

Primeiro ponto, a questão familiar. Ao que sabemos, a avó estava doente e a morar sozinha. Mesmo assim dependia da menina para se alimentar. Será que esta gente nunca terá ouvido falar em lares? Nem ao menos lhe garantiam o apoio domiciliário a idosos? Na verdade devem ser uns forretas e uns gananciosos. A espera que a velhinha bate a bota para receber a herança. E que espécie de família é esta que deixa uma senhora de idade avançada a viver isolada no meio de um bosque, e que permite que uma menina atravesse uma floresta sozinha? Será que a menina fazia, a mando da mãe, apenas serviços de entrega ou algo mais. Na minha opinião, a resposta é bastante simples: a menina do capuchinho vermelho, sim nem sequer tem nome, mas mais adiante falo também sobre esse assunto. Como ia referir muito provavelmente a menina é fruto de uma família desagregada, de certeza monoparental. Sabe-se que vivia com a mãe mas nada se sabe do pai. Será que o pai era alcoólico? Terá ido comprar o jornal e ao ler as notícias sobre a crise, emigrou? Sabia ler? Terá sido raptado por aliens? Trocou a esposa por uma ucraniana? Não sabemos. Apesar de eu achar a hipótese do rapto alienígena mais provável. Sabemos apenas é que, o pai é uma figura ausente na vida desta pequena.

Como referia há pouco não acham estranho em momento algum, não sabermos o nome da menina. Algo de muito estranho se passa aqui. Aposto que o autor está a tentar proteger a sua identidade. Das duas, uma: a menina foi posta ao cuidado de uma instituição de solidariedade social ou integrada num programa de protecção de testemunhas. O capuz seria assim mais uma ferramenta para que não saibamos a identidade da menina. Porque se o capuz vermelho era assim tão importante, porque é que no final do livro não chegamos sequer a saber o que lhe aconteceu?

Segundo ponto, gostaria agora de chamar a vossa atenção para a parte do conto em que o lobo vira travesti. Esta é talvez a primeira vez que tomamos conhecimento de um animal que adere ao travestismo. Nem no 24 Horas, ou mesmo no Crime, isto foi alguma vez referenciado. Também não gostava estar na pele dos pais que vão ter de explicar como um mamífero de quatro patas com a touca e a camisa de dormir de flanela de uma idosa. Quando já é difícil explicar a miúdos e miúdas de tenra idade, que há homens que preferem vestir-se de mulher.
Mais: como explicar à pequenada que não devem ingerir coisas sem as mastigarem bem. É que o lobo come uma velhota inteira sem a mastigar. De certeza que isso não foi um acto muito saudável e só ter feito um mal desgraçado ao estômago do animal. Agora a pequenada fica com a ideia que se pode comer, ou engolir, todo o tipo de coisas, sem as mastigarem bem. E quando falo de todo o tipo de coisas, estou mesmo a falar dum grande leque de opções. Porque depois de ouvirem uma historia onde uma avo é engolida, porque não engolir pedras, sapatilhas, canivetes suíços ou o pior de tudo – legumes e hortaliças.

Finalmente, a entrada do caçador em cena. Reparem que o caçador não matou o lobo com a espingarda. Matou-o com uma faca. Este facto, leva-me a suspeitar que o homem andava a cometer ilegalidades. Se calhar não tinha a licença de Uso e Porte de Arma em dia. Para finalizar, deixem-me só fazer mais uma pergunta: será que o caçador terá parado por um segundo para se lembrar que o lobo é um animal em vias de extinção e protegido por lei? Não. Está visto que para ele, matar um lobo que comeu avó e neta é a mesma coisa que matar um coelho ou uma codorniz. É este o mundo vergonhoso em que nós vivemos.

Enfim, este conto é um atropelo a todas as convenções sociais e aos mais elementares direitos dos animais. Como se atrevem a dizer que esta historia tem um final feliz. Tenho dito.

Cabeças Sujas...em plena investigação

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